É fato conhecido que Lindona era um poço de amor e disposição, mesmo aos 14 anos de idade.
Para ela bicicletas eram absolutamente sexy e com o passar do tempo nos acostumamos com os ruidos causados pelo namoro entre uma buldogue de mais de 30 kilos e nossas magrelas.
Idem para as vassouras, guarda-chuvas dando bobeira e o guarda-sol do quintal. Lembro bem do triste espetáculo causado pelas investidas amorosas de Lindona sobre o guarda-sol aberto. Muito tempo depois dela ter partido para o Grande-Céu-dos-Cães a marca das patinhas ainda estava impressa na lona azul e branca.
Mas nenhuma relação deixou marcas tão profundas quanto o namoro com o botijão de gás! Abraça por aqui, chega por lá, de frente de ladinho e... bum! O botijão caiu em cima de nossa velhinha fogosa. Consulta com o veterinário para ver se não havia nenhuma lesão, semanas mancando, tetinhas cheias e uma cadela certa de que havia emprenhado daquele amante bruto foi tudo o que ficou.
Foi mesmo? Certa manhã, dois meses depois, nos deparamos com a poltrona que foi de minha avó (linda, perfeita, ainda com o tecido original) toda destripada. Molas para fora, lã afofada e espalhada ao redor e bem no meio da zona de guerra uma cadela nos olhando com uma cara de "não brigue, estou parindo"...
A primeira reação foi a de querer estrangular a cidadã.
Depois, olhando bem...
Ela era tão mais importante que qualquer cadeira velha... que ficaram ambas na sala: a cadeira e a cadela. É claro que demos um jeitinho bem colorido para que nenhum amigo se descuidasse e sentasse na poltrona por engano.
Muitos anos depois, resta apenas uma pergunta: A prenhez foi psicológica ou ela realmente emprenhou do botijão de gás e os filhotes nasceram todos com a cara do pai, aquele gás que só um buldogue velho sabe produzir?
Um comentário:
Ah, Lindona, fique tranqüila, você não foi a única a cair na lábia desses escroques da sociedade burguesa decadente!!
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